A atuação de mulheres em territórios de favelas tem demonstrado historicamente o papel crucial para representação das necessidades de seus territórios, construção de redes de apoio e luta por direitos sociais. A Fundação Gol de Letra, instituição do “terceiro setor” atuante no complexo de favelas do Caju, RJ, a partir do projeto de formação de Agentes Sociais, visa capacitação de mulheres para fortalecimento de papéis de liderança comunitária, atua sob o referencial teórico-metodológico fundamentado nos Direitos Humanos, Mobilização Comunitária e Habilidades Pessoais, destacando a realidade das mulheres em contextos de favela, numa perspectiva interseccional. Como resultado do processo formativo no ano de 2020 a 2022, em meio à crise sanitária e social, e a identificação entorno das dificuldades das mulheres em reconhecerem os mecanismos de proteção e promoção de direitos, devido ao estigma associado aos territórios de favela e à violência policial, foi produzida uma cartilha que apresenta a história de mulheres do Caju e metodologias participativas na construção de redes de proteção e promoção de mulheres. Nesse sentido, este artigo tem o propósito de refletir as práticas dessa formação divididas em: 1) ampliar a apreensão sobre os métodos e abordagens de educação que orientaram a formação e sua correlação com referenciais teóricos de educação popular e contra hegemônicos; 2) analisar um dos produtos da formação que construiu um “Fluxo de Serviços para Mulheres do Caju em situação de violência” considerando aspectos de fortalecimento local e reconhecimento de potencialidades territoriais na sobrevivência das mulheres. As principais reflexões apontam para a importância de dar centralidade às mulheres desses territórios, de ressignificar a temática da violência doméstica na comunidade e de capacitar as mulheres como multiplicadoras de conhecimento. Conclui-se que este trabalho formativo contribui para a promoção de direitos humanos no Caju e aponta para uma sociedade mais justa e humanamente emancipada.