A fauna e a flora originais de uma região muitas vezes passa despercebida pelos sujeitos do território que nele habitam. Ao longo dos anos, principalmente com a urbanização dos lugares e os processos econômicos de predação da natureza, a vegetação e os animais silvestres passam por um processo de “inviabilização” pela população local. Isso incorre, de certa forma, a uma maneira de negligência da necessidade de manter a natureza em situação estável. Sob perspectiva educacional, Wandersee e Schussler (2001) evidenciaram esse assunto com a noção de "cegueira botânica" cujo termo trata, basicamente, da incapacidade generalizada da sociedade em perceber a importância das plantas, desde aspectos biológicos aos sociais, inclusive tratando-as como seres vivos desprezíveis (COSTA, et.al., 2019). Arapiraca, originalmente, é o nome de uma árvore da família das Fabaceae da espécie Chloroleucon dumosum uma variedade de Jurema branca bem comum na região do agreste e sertão do estado de Alagoas. Na tradição local, Arapiraca, é um termo indígena que significa “ramo que o periquito visita” [ara (periquito), poya (visitar), aca (ramo)] e, nos ramos dessa árvore que deu nome ao lugar. Na exploração do território do sentido do litoral em direção ao interior, decorrente do período colonial, a mata existente nesse território era exuberante constituída de diversas espécies vegetais tais como: Arapiraca, Pau D’árco, Batingas, Canafístula, Massaranduba, Pau-Ferro, Jenipapo, Oitizeiro, Mangabeiras, Bálsamo, Jardim das Paineiras, Cedro, Jenipapo, Oitizeiro, Itapicuru, espécies essas que posteriormente deram nome às comunidades, assim como os animais nativos a exemplo de Quati, Guaribas, Caititus, Xexéu, Mocó, Baixa da Onça, entre outros. Com o desmatamento para implantar atividades econômicas como cultivo de mandioca e posteriormente do fumo, as espécies da fauna e da flora, antes diversas, foram desparecendo do território e consequentemente do imaginário da população arapiraquense, que conforme verificado em avaliações diagnósticas com alunos, desconhecem a relação dos nomes dos lugares com vegetação e fauna originais. Busca-se apresentar e fomentar na comunidade escolar, atividades pedagógicas interdisciplinares que considerem este tema e promovam educação sobre esses aspectos da natureza local e como isso se relaciona com questões culturais, históricas, geográficas e econômicas locais, com a finalidade de uma educação territorial. Nesse sentido, a partir da abordagem pedagógica Territórios Educativos (BRASIL, 2010), escolas da rede municipal de Arapiraca têm desenvolvido projetos educacionais focados em desenvolver maior conscientização sobre a preservação do meio ambiente através de plantio e cultivo de jardins de ervas, pomares e hortaliças, bem como berçários de mudas, aulas práticas e outras atividades nas escolas e na Escola de Campo, um centro de apoios às escolas de ensino integral desta rede de educação.