Este artigo apresenta reflexões sobre trabalho escravo contemporâneo e suas interseções com a questão de gênero. Entre 1995 e dezembro de 2023, 61.035 pessoas foram resgatadas em condições de trabalho escravo no Brasil, segundo dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas. Dado que destaca a necessidade de um novo abolicionismo no país. As discussões relacionadas a gênero, feminismo, patriarcado e divisão sexual do trabalho requerem uma integração entre prática cotidiana e reflexão teórico-política. A trajetória cultural do Brasil permanece impregnada pelo patriarcado desde a colonização. As diversas culturas que formaram o país, moldaram as estruturas sociais, estabelecendo um modelo familiar patriarcal importado e adaptado às condições específicas do Brasil colonial, marcado pelo sistema latifundiário e escravagista. Apoiado pela revisão narrativa da literatura, o artigo apresenta histórica e conceitualmente a escravização contemporânea e sua interseção com a questão de gênero, em direção à linha temática da extensão Direitos Humanos e Justiça, seguido de uma discussão que buscou responder qual seria a relação entre escravidão contemporânea, questão de gênero e extensão? Dada a relação complexa, multifacetada, envolvendo aspectos sociais, econômicos e culturais entre escravização contemporânea e a questão de gênero, a pesquisa bibliográfica realizada foi corroborada pelas discussões realizadas no Grupo de Pesquisa Diálogos sobre Educação Profissional e Tecnológica em espaços formais e não-formais de educação. Os resultados principais apontam a relevância da diretriz interação dialógica academia-sociedade para o enfrentamento da escravização contemporânea e a interseccionalidade com a questão de gênero, e a ampliação de ações desenvolvidas pela linha temática direitos humanos e justiça visando a implantação de políticas públicas. Para tanto, propõe a extensão universitária enquanto metodologia a ser assumida, considerando a função social das instituições de ensino superior.