Atualmente, muitos países adotam políticas (neo)liberais como parte de seus sistemas sociopolíticos/econômicos e o Brasil, em partes de sua história, fez também esse tipo de adoção. Com isso, muitos preceitos liberais ou neoliberais passam a ditar regras sobre bens e serviços que passam a responder à lógica do mercado/capital (Laval, 2014; Mészáros, 2018). Muitos desses preceitos (neo)liberais acabaram chegando à Educação (Apple, 2005), sobretudo por meio de reformas que comumente são marcas de governos (neo)liberais. Tive como objetivos, tomando a reforma do Ensino Médio brasileiro como norte e com base nos dispositivos teórico-analíticos da Linguística com a sua Análise do Discurso (Pêcheux, 1969 [2014], 1975 [2014]; Orlandi, 1999 [2020]), 1) analisar como o discurso (neo)liberal se materializa nas práticas educativas de escolas por meio das reformas introduzidas através de textos de documentos oficiais de valor legal e 2) discutir criticamente sobre o tipo de educação que estamos ofertando aos nossos alunos, bem como o tipo de sociedade que estamos construindo por meio do papel de educadores assumido por nós. Os resultados das análises feitas a partir do corpus advindo de textos do evento reformista do Ensino Médio brasileiro, a saber a BNCC, a LDB e a Lei de implementação de escolas de Ensino Médio em tempo integral, nos levaram a entender que as políticas (neo)liberais se instalam nas escolas por meio de materialidades linguísticas de textos de valor legal (leis, currículos etc.), podendo nos levar a crer que as reformas, sejam de que cunho for, são sempre positivas.