Discutem-se aqui aspectos do regionalismo, a partir dos estudos de Antonio Candido e de Lígia Chiappini, procurando estabelecer como visadas particulares de um dado lugar ajudam a refletir sobre questões mais amplas. Dessa forma, propõe-se aqui analisar a representação da mulher em Fogo Morto, de José Lins do Rego, e n’A Moratória, de Jorge Andrade, investigando de que forma as personagens (tanto masculinas quanto femininas) lidam com a crise econômica pela qual passam e considerando as diferenças observadas nos homens e nas mulheres no que diz respeito ao modo de lidar com tal situação. Assim, defendemos que as mulheres do núcleo central de ambas as obras convivem melhor com a situação de transição econômica, seja no amplo painel daquela sociedade açucareira do Nordeste brasileiro representado no romance Fogo Morto, ou nos quadros em trânsito da crise cafeeira paulista dos anos 1920-1930 da peça A Moratória, contrariando a visão patriarcal da mulher como sexo frágil entranhada há tempos na sociedade brasileira.