ARRUDA, Érica Maia Campelo et al.. . Anais JORNADA RDL... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/30232>. Acesso em: 24/11/2024 20:54
O artigo busca relacionar direitos humanos e literatura, em especial quanto aos direitos das crianças e adolescentes, por meio da análise da obra de Jorge Amado, “Capitães da Areia”. A obra, publicada em 1937, é uma daquelas obras literárias que se pode chamar de “atemporal”. A história se desenvolve por meio do relato de situações cotidianas vividas por crianças e adolescentes, com idades entre nove e dezesseis anos, que moram na rua e vivem em um galpão abandonado, um trapiche, em Salvador, na Bahia, sem família, sem escola, criando suas próprias leis. Lá se escondem da polícia e dividem os objetos, obtidos por meio de furtos. A obra retrata o cotidiano do grupo, relata alguns golpes aplicados em pessoas e famílias da sociedade local, bem como trata da opressão social sofrida pelo grupo. O autor leva o leitor a uma reflexão, sobre a posição da sociedade em relação àquela população infanto-juvenil retratada, temática, infelizmente, ainda bastante atual, pois, apesar de contarem hoje com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8.069 de 13/07/1990), que prevê medidas socioeducativas com função de ressocialização de crianças e adolescentes, o que se observa, na prática, é o elevado número de crianças e adolescentes cumprindo medidas socioeducativas em internação. A obra, da mesma forma que muitas outras obras de Jorge Amado, possui um cunho social e histórico, que levou o escritor a ser reconhecido nacional e internacionalmente, pelo seu empenho às causas sociais, à preocupação com a denúncia da injustiça e do “coronelismo” que dominavam uma das regiões mais pobres do Brasil.