Este trabalho é resultado de uma pesquisa de doutoramento em educação, realizada em 2013, na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, que teve como grupo-sujeito dezoito jovens ligados ao campo da arte e da cultura, do bairro Pici, periferia da cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará. O estudo favoreceu a criação de um dispositivo de pesquisa, formação e intervenção: os Círculos de Contação de Si (CCS), o qual buscou responder a seguinte questão-problema: que processos formativos de produção de si, e do outro, são vividos nos grupos juvenis e como é pensada a produção da vida pessoal e coletiva no contexto da periferia? O trabalho buscou ancoragem teórica e metodológica na autobiografização ou histórias de vida, na perspectiva museológica da educação, nos conceitos de “tecnologias do eu” e “experiência de si”, bem como no conceito de multirreferencialidade e na ideia de “cenas fulgores”, um componente utilizado nos Círculos de Contação de Si apoiado no conceito de “corpo biográfico”. O dispositivo CCS e sua implementação supõem as etapas: 1. Construção da Linha da Vida e das Narrativas de Si, através das quais as pessoas escrevem sua trajetória em forma de texto. 2. Reflexão dialógica sobre as Narrativas de Vida, momento de reflexão individual e coletiva sobre as histórias de vida. 4. Apresentação e reflexão das narrativas a partir de linguagens de sons, imagens e cenas fulgores. 5. Construção dos Projetos-Futuro, momento em que os sujeitos buscaram sistematizar feições dos possíveis ligados as suas histórias e trajetórias formativas. Os CCS contribuíram para organizar a mente, mobilizar um pensar articulado, integrado, um refletir complexo – tecido junto, e a sistematização das histórias de vida no processo de biografização, tendo sido possível reflexionar sobre aspectos da vida dos jovens e das jovens, de sua trajetória formativa, relacionados à dimensão familiar, à dimensão cognitivo-experiencial, a dimensão coletiva, à dimensão estético-expressiva e a dimensão laboral