As condições e o modo de vida dos idosos em situação de rua requerem atenção devido à complexidade de fenômenos que os envolve, principalmente em relação aos agravos de saúde, advindos das condições em que vivem e que impactam em seus trabalhos. Tem como objetivo analisar os agravos de saúde advindos do processo de envelhecimento nas ruas, como ocorrem e as repercussões destes no trabalho de pessoas com mais de sessenta anos de idade que vivem em situação de rua em Porto Alegre. Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa no qual foram selecionados 19 idosos em situação de rua, por amostragem aleatória simples e fechamento amostral por saturação teórica, entrevistados no período de 2015 a 2017, realizando análise textual discursiva conforme proposta por Roque Moraes. Os pesquisados têm entre 60 e 69 anos, são negros ou pardos e têm ensino fundamental incompleto. Suas experiências sociais são influenciadas por marcadores de diferença de gênero, etnia, território, classe social e condição física. Algo refletido em seus relatos sobre patologias, dores e limitações, e que ainda assim buscam no trabalho uma forma de sobrevivência. Para as pessoas em situação de rua, qualidade de vida seria ter outra história, com acesso a saúde, alimentação, família/cuidador/esposa e um lugar para morar. Observou-se então a importância de criar espaços para discutir o tema a nível nacional, acadêmico e no âmbito das políticas públicas, dando voz para que essa população expresse suas demandas e para que o Estado possa garantir os direitos básicos.