No Brasil, a urbanização de territórios onde habitavam populações indígenas, fez com que esses se tornassem trabalhadores assalariados de economias locais. É possível identificar essa realidade nos documentários: “Índios na cidade, vidas em travessia” (2014). São muitas as razões que levam os indígenas se deslocarem para as cidades. No documentário “Índios na cidade” (2013), produzido com depoimentos de indígenas de várias regiões do Brasil e residentes na grande São Paulo, é possível identificar que muitos indígenas migram para a cidade por necessidade de sobrevivência, de trabalho, de acesso a serviços básicos e melhores condições de vida, como: educação, saúde, moradia. Este texto tem como objetivo apresentar características das condições de vida de indígenas na área urbana no Brasil e as motivações dos deslocamentos indígenas para as cidades. Nos dois vídeos analisados, sobressaem-se as características específicas de trabalhos/empregos dessa inserção na vida urbana, como destaca Joaquim Vicente de Paula (Chefe do IBGE de Roraima, “Índios na cidade”, 2013), ao citar as desigualdades históricas que atingem indígenas: o não acesso à educação escolar, o não acesso à qualificação profissional, não acesso ao ensino superior leva os indígenas a compor os indicadores de menor renda e menor escolaridade, elementos esses que os localizam nas piores condições de emprego e trabalho. A metodologia está baseada em pesquisa documental e bibliográfica de natureza qualitativa e quantitativa. Realiza-se por meio da análise de documentários sobre “indígenas nas cidades” destacando dados da região Nordeste e de Pernambuco sobre educação e renda. Tem como principal fonte, o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os relatos dos participantes dos dois documentários analisados apresentam diferentes situações que marcam a vida indígena na cidade: a ausência de qualificação profissional, a precária inserção da força de trabalho em diferentes setores da economia onde desenvolvem atividades como: ajudantes, pedreiros, carpinteiros, auxiliares de serviços gerais, domésticas, etc. Essa inserção é acompanhada de preconceitos que levam, em alguns casos, ao isolamento e ao adoecimento mental. Entre os resultados da análise documental, o Documentário: “Índios na cidade, vidas em travessia” (2014) apresenta diferentes possibilidades de organização social de indígenas no contexto urbano: organização de mulheres para o enfrentamento da violência contra a mulher; discussão sobre direitos sociais como: moradia, educação, saúde e respeito étnico. Destacam-se, nos enfrentamentos da vida urbana, o desejo de viver a identidade ética, a cultura, os vínculos espirituais com mais respeito, bem como, o direito ao acesso à educação escolar e profissional como meio de construir habilidades e competências imprescindíveis para maior atuação política nos espaços de decisão sobre as políticas indigenistas e melhores condições de vida na cidade. A educação escolar é um direito fundamental e uma possibilidade real de melhoria das condições de vida na cidade. A melhoria de indicadores de escolaridade é um elemento muito importante para pensar formas de participação social mais ampla. Porém, o fato social, ético de respeito à diversidade étnica é um desafio: respeito à língua, à cultura, às crenças e práticas espirituais dos indígenas ainda é um grande problema enfrentados nas escolas de ensino regular na área urbana. Entre as aproximações e sínteses conclusivas, pode-se afirmar que as mudanças contemporâneas nas condições de vida indígena são resultantes de longos processos sociais históricos da formação econômica do Brasil. A presença indígena no contexto urbano ainda é um desafio para a sociedade brasileira, considerando as desigualdades que afetam a sua presença nas cidades e o reconhecimento tardio das garantias do Estado brasileiro do direito à diferença e ao respeito étnico dos povos originários.