Introdução: Os triatomíneos (Hemiptera: Reduviidae), conhecidos no Brasil como barbeiros, são insetos hematófagos vetores do Trypanosoma cruzi, agente etiológico da Doença de Chagas Humana (DCH). O cenário atual da epidemiologia da DCH divide o país em duas áreas de situação epidemiológica distintas, baseada nos riscos de transmissão: uma área onde não é comum a domiciliação de vetores e a segunda envolvem áreas originalmente de risco, onde a transmissão domiciliar foi ou continua endêmica. A Paraíba faz parte da segunda área, onde a atenção deve ser voltada para a vigilância epidemiológica devido à história natural da DCH. Objetivo: O presente estudo objetivou fazer a avaliação de infecção natural por tripanossomatídeos nos espécimes de tritomíneos capturados durante a Campanha do Programa de Controle da Doença de Chagas (PCDCh) em 2013, com intuito de contribuir com informações que auxiliem na vigilância epidemiológica nessa região. Metodologia: Foi feita a análise das fezes dos triatomíneos coletados em pesquisas de campo nos municípios atendidos pela 4ª Gerencia Regional de Saúde. A busca, pelos insetos e vestígios (exúvia e ovos) foi efetuada no intradomicílio e no peridomicílio, nos períodos diurno e noturno. A investigação da infecção natural por flagelados semelhantes ao T. cruzi foi realizada através do exame direto das fezes dos espécimes capturados. As fezes dos insetos foram obtidas por compressão abdominal, depositadas em lâmina, diluídas em solução de cloreto de sódio (0,9%) e cobertas por uma lamínula para observação ao microscópico óptico (aumento de 400x). As espécies de triatomíneos foram determinadas de acordo com chaves de identificação. Foi calculado o Índice de Infecção Natural: nº de triatomíneos infectados por flagelados / nº de triatomíneos examinados X 100. Resultados: Dos 313 triatomíneos capturados em 2013, 90,7% foram submetidos ao exame direto das fezes, e apenas dois exemplares estavam positivos para tripanossomatídeos semelhantes ao T. cruzi, sendo um Triatoma brasiliensis, macho, capturado no intradomicílio na zona rural de Picuí e, outro da mesma espécie fêmea, capturada do peridomicílio na zona rural de Frei Martinho, satisfazendo um índice de infecção de 0,704%. Conclusão: Embora o índice de infecção seja baixo, o encontro de vetores infectados, principalmente da espécie T. brasiliensis, que é considerado hoje a espécie mais importante na transmissão da DCH no Nordeste, sugere que o ciclo do T. cruzi permanece ativo na região. Tais dados podem contribuir para o processo de vigilância epidemiológica da DCH na Paraíba.