A comunidade indígena possui crenças e tradições diferenciadas da população não-indígena quando o assunto é o cuidado materno e com o recém-nascido envolvendo os hábitos específicos durante o puerpério. A prática exercida pelas mulheres indígenas advém de preceitos étnicos repassados através de gerações, entretanto o exercício dessas práticas atualmente está escasso, devido à aproximação do homem branco e a influência do mundo moderno. Todavia, compreender os costumes puerperais indígenas é necessário para que se intervenha de forma bem sucedida e se acompanhe etnograficamente as práticas desenvolvidas. Sendo assim, o objetivo desse estudo é descrever os costumes indígenas frente ao autocuidado mãe e filho no pós-parto. Trata-se de um relato de experiência com olhar qualitativo que buscou descrever aspectos referentes ao autocuidado mãe e filho no pós-parto, sendo a problemática abordada através de métodos descritivos e observacionais com 19 mulheres indígenas ao realizar visitas em setembro de 2013 na Aldeia Sororó, situada no município de São Geraldo do Araguaia-PA. Inicialmente, foi realizada visita a Aldeia Sororó a fim de estabelecer contato para explicar o objetivo do estudo e solicitar autorização do cacique para realização deste. Durante as visitas, percebemos a falta de entendimento das indígenas no que diz respeito ao significado do pós-parto, pois para as indígenas o puerpério, expressa apenas o repouso e a restrição alimentar que consiste na não ingestão de animais silvestres, ovos, peixes de couro, farinha de puba e o jabuti-vermelho, tal fato, pode está associado ao baixo grau de escolaridade das mesmas. Além disso, observamos que as indígenas não consomem carne de caça no pós-parto por serem considerados reimosos, e para cultura indígena a desobediência nesse sentido acarretam problemas tanto para a mãe, quanto para o filho. Na presença de intercorências mamárias, a população em estudo utilizava compressas mornas, frias e massagens. Visualizamos também, que o aleitamento materno era oferecido exclusivamente até os seis meses de vida da criança, pela maioria das índias, por ser fonte de saúde para o bebê e favorecer o vínculo afetivo de mãe e filho. Quanto aos cuidados com o coto umbilical faziam uso de álcool a 70%, PVPI, azeite de mamona e um pedaço de pau de uma árvore que na língua indígena chama-se mucuperi, na qual a água situada em seu interior é extraída, aquecida para a mumificação do coto umbilical, por apresentar um fator cicatrizante no local, não há nas literaturas pesquisadas, a comprovação da ação do mucuperi; provavelmente pelo nome ser indígena. A primeira higienização do RN era realizada 24 horas após o parto. Assim sendo, conclui-se que a carência de educação em saúde na comunidade indígena estudada está associada à falta de profissionais de saúde, o que demonstra o atendimento precário no local habitacional. Portanto, recomenda-se aos profissionais de saúde em geral conhecerem a cultura e realmente se envolver no processo do cuidado de uma etnia diferente do que já se vive, pois é com a dedicação que se conquista, adquire o respeito e confiança para que se possa empenhar o verdadeiro trabalho da equipe.