SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, PAÍS QUE NÃO VIVENCIOU UM PERÍODO PRÉ-COLONIAL, LEVOU APROXIMADAMENTE QUINHENTOS ANOS, DESDE A SUA OCUPAÇÃO (1470) ATÉ SE LIBERTAR (1975) DE SUA METRÓPOLE, PORTUGAL. ASSIM, O PRESENTE ARTIGO, DE CUNHO BIBLIOGRÁFICO, FRUTO DE UMA PESQUISA DESCRITIVA E QUALITATIVA, TEM POR OBJETIVO ANALISAR OS TRAÇOS DA LUTA E LIBERTAÇÃO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE QUE EMERGEM DOS POEMAS DA DIPLOMATA E POETA MARIA MANUELA DA CONCEIÇÃO CARVALHO MARGARIDO. ESSAS PRODUÇÕES AJUDAM A MONTAR O CENÁRIO HISTÓRICO E ANTICOLONIALISTA VIVENCIADO PELAS ILHAS. SELECIONOU-SE, ASSIM, ALGUMAS POESIAS, QUE POSSUEM, GERALMENTE, VERSOS BRANCOS E NÃO COSTUMAM SER PRESOS A UMA MÉTRICA, DE LINGUAGEM SIMPLES, UMA VEZ QUE SEUS POEMAS CRITICAVAM A ELITE E OBJETIVAVAM REPRESENTAR UM POVO, MUITAS VEZES PRIVADO DO CONHECIMENTO, E SUA LUTA. SÃO EXEMPLOS: SOCOPÉ, QUE ATRAVÉS DA REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA, CARACTERÍSTICA DA ESCRITA DA AUTORA, CONFESSA AS MAZELAS DEIXADAS PELA COLONIZAÇÃO; NA BEIRA DO MAR, QUE EVIDENCIA, AO LONGO DE SEUS VERSOS, A CONTRAPOSIÇÃO ENTRE PERTENCER AO LUGAR E, ENTRETANTO, NÃO POSSUIR VOZ ATIVA; ALTO COMO O SILÊNCIO, QUE SE MANIFESTA JÁ EM SEU TÍTULO COM O PARADOXO ALTO E SILÊNCIO, E INTITULA O ÚNICO LIVRO PUBLICADO PELA POETA, CARREGA UMA CRÍTICA, SOBRETUDO, AOS POLICIAIS DA METRÓPOLE QUE TRABALHAM NA COLÔNIA. ESSA MESMA TEMÁTICA TAMBÉM É PERCEBIDA NO POEMA VOIS OCUPAIS A NOSSA TERRA. OS POEMAS DA AUTORA OBJETO DE ESTUDO CARREGAM CONSIGO UMA IDEOLOGIA ESTÉTICA VINCULADA A OUTROS POETAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DE ORIGEM SÃO TOMENSE, COMO ALDA ESPIRITO SANTO, TOMÁS MEDEIROS E MARCELO DA VEIGA. TAL IDEOLOGIA CONSISTE NA BUSCA POR SUA IDENTIDADE CULTURAL E DENÚNCIA DAS PROBLEMÁTICAS ENFRENTADAS PELOS COLONIZADOS. ASSIM, JUNTO COM ESSES, MARGARIDO CONTRIBUI PARA AS LUTAS ANTICOLONIALISTA DE SUA TERRA NATAL, PRODUZINDO E RESISTINDO NO PRÓPRIO TERRITÓRIO DO COLONIZADOR. CONFERINDO ÀS SUAS PRODUÇÕES POÉTICAS UM POSICIONAMENTO CONTRA O PODER HEGEMÔNICO. PARA EMBASAMENTO TEÓRICO, FORAM USADOS, SOBRETUDO, STUART HALL (2003) NO TOCANTE ÀS LUTAS IDENTITÁRIAS DO POVO AFRICANO E, NO QUE COMPETE À CRÍTICA LITERÁRIA, UTILIZOU-SE O ESCRITOR BRASILEIRO ANTÔNIO CANDIDO (2005).