O PRESENTE ARTIGO BUSCA REFLETIR SOBRE QUESTÕES DE IDENTIDADE FEMININA E DE RAÇA ATRAVÉS DA OBRA PÉROLA NEGRA (1987) DA ESCRITORA ESTADUNIDENSE TONI MORISSON. ENQUANTO UMA RELEITURA DA PEÇA THE TEMPEST DE WILLIAM SHAKESPEARE (PRODUZIDA ENTRE 1610 E 1611), PÉROLA NEGRA NOS PERMITE ESTABELECER UM DIÁLOGO ENTRE LITERATURA PÓS-COLONIAL, OU MESMO LITERATURA DE MINORIAS, COM QUESTÕES SOCIAIS E RACIAIS QUE ENVOLVEM ESPECIALMENTE AS MULHERES NEGRAS. À LUZ DOS ESTUDOS CULTURAIS E DECOLONIAIS, OBJETIVA-SE ABORDAR A FORMA COM QUE A AUTORA OPERA CATEGORIAS COMO “MULHERES” E “RAÇA” NA CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM JADINE CHILDS, E CRITICA O IMAGINÁRIO SOCIAL EM TORNO DE MULHERES NEGRAS. MESMO APÓS A IDENTIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE OUTROS FEMININOS, COMO O FEMINISMO NEGRO, A PARTIR DOS ANOS 1960/1970, E DO MOVIMENTO ANTIRACISTA, É PRECISO PROBLEMATIZAR A IDEIA UNÍVOCA EM TORNO DA “MULHER NEGRA”, PONTUANDO AS DIFERENÇAS E CONTRADIÇÕES NO TEMPO E NO ESPAÇO EM QUE CORPOS FEMININOS DE COR EXISTEM OU EXISTIRAM. NESSE SENTIDO, EM UMA PERSPECTIVA INTERSECCIONAL E COM O SUPORTE DE AUTORES COMO GONZALEZ (1980), GOMES (2002), HALL (2002; 2003), SPIVAK (2010), COLLINS (2017; 2019), HOOKS (2017), DAVIS (2017) E AKOTIRENE (2018), ARGUMENTA-SE QUE AS IDENTIDADES FEMININAS E DE RAÇA, DAS MULHERES NEGRAS, SÃO MÚLTIPLAS E PLURAIS, AINDA QUE RESULTANTES DOS EFEITOS IDENTITÁRIOS DOS PROCESSOS DE COLONIZAÇÃO E DE ESCRAVIZAÇÃO, QUE AS IMPRIMIRAM CARACTERÍSTICAS HOMOGENEIZANTES.