O presente estudo tem como finalidade investigar, no espaço escolar, até que ponto as concepções de meninas negras que assumiram seus cabelos crespos estão ligadas a uma ruptura com estereótipos racistas e machistas ligados a eles. Portanto, a pesquisa visou pensar o lugar de meninas dentro do campo social escolar, como se veem, como se afirmam ou negam suas condições culturais e históricas, como o processo de assumir o cabelo crespo se tornou importante para elas e que tipo de estereótipos estiveram presentes em sua constituição como sujeitos sociais. Para tanto, nosso aporte teórico se fundamenta em pesquisadoras negras como Nilma Lino Gomes (2016), Bell Hooks (2005), Joice Berth (2019), e também, Michel Foucault (1987) e Stuart Hall (2011), em um caminho teórico que vai desde as concepções sobre gênero, currículo escolar, racismo e empoderamento feminino negro. Nosso percurso metodológico é de natureza qualitativo com foco na pesquisa de campo e aplicação de questionários, com questões abertas e fechadas, de modo a coletarmos informações específicas sobre cada uma das entrevistadas. Após análise das respostas, percebemos que majoritariamente as meninas passaram, em suas histórias de vida, por processos discriminatórios em relação ao seu cabelo e seu corpo, mas que a constituição de sua autoimagem tem se firmado por meio de um processo positivo do que é ser uma mulher negra. A escola, nesse sentido, pode se tornar um importante espaço de reafirmação e fortalecimento da identidade negra dessas meninas, ao incluir em seu currículo as discussões sobre a temática de gênero e raça.