Este trabalho traz como objeto de análise literária a obra bilíngue “A língua quando poema/La lengua cuando poema”, uma antologia poética organizada por Carolina Peixoto e Pam Araújo (2022), do coletivo Slam das Minas SP, composta por 28 poemas de mulheres, homens trans, travestis e pessoas não-bináreis que participaram do evento internacional Jornada Latines, que reuniu poetas de nove países da América Latina e das cinco regiões brasileiras. Nosso objetivo geral é apresentar a obra que traz uma contextualização com recorte de gênero da cena da Poesia Slam no Brasil, e especificamente analisar alguns poemas que tratam da temática feminista e suas interseccionalidades de raça, classe, sexualidade. Utilizamos como principais referenciais teóricos a categoria político-cultural da Amefricanidade proposta por Lélia González (2020) e as noções de poesia como iluminação de Audre Lorde (2020) e feminismo de fronteira de Gloria Anzaldúa (2021). Observamos como os poemas revelam uma concepção feminista afro-latina-americana do fazer poético, alinhado com os principais postulados dos feminismos contemporâneos.