Durante séculos a voz feminina foi silenciada do âmbito literário pelo cânone predominantemente masculino. Esse apagamento ecoa até os dias atuais, comprovado pela ausência das mulheres nos manuais didáticos e nas aulas de literatura. Assim, a literatura contemporânea de autoria feminina encara uma realidade desafiadora, pois a busca dessas escritoras por visibilidade reflete na resistência a esse sistema elitista e conservador, no qual colabora para a marginalização da escrita de autoria de mulheres. Sendo assim, decidimos pesquisar a obra poética A sexualidade de meninas ex-crentes (2021) da autora negra Bianca Gonçalves, que traz um eu lírico feminino que enfrenta os embates entre a culpa cristã e os desejos efervescentes do corpo. Acreditamos que uma mulher negra escrever sobre a sexualidade feminina punida ao longo da formação identitária é uma ato político de resistência a esse sistema patriarcal e racista. Temos como objetivo geral analisar, por meio de um viés decolonial, alguns dos poemas da obra, destacando as manifestações da sexualidade feminina em conflito com a identidade “crente”. Para fundamentação teórica utilizamos algumas pesquisadoras, entre elas: Audre Lorde (2019); Heloisa Hollanda (2021) e Heleine Souza (2020). Como metodologia adotamos uma abordagem qualitativa. No que diz respeito aos resultados, salientamos que nossa pesquisa encontra-se em andamento.