O trabalho tem o propósito de analisar como a cultura de paz é promovida, a partir da compreensão dos sentidos políticos do trabalho inclusivo de professoras do atendimento educacional especializado. De modo específico, busca identificar os sentidos políticos que as professoras atribuem ao trabalho com a comunidade escolar; e, analisar a relação estabelecida entre os sentidos políticos do trabalho inclusivo e os conceitos de paz positiva e conflito produtivo. O estudo parte da percepção de que a interlocução entre a cultura de paz e a inclusão, por meio da dialogia, favorece a construção da autonomia, como ato de resistência, desconstruindo o conceito de paz como passividade, diante do quadro de violência estrutural presente na escola. A investigação utilizou-se da abordagem qualitativa, com dados coletados por meio de grupo focal com as sete docentes do atendimento educacional especializado, no lócus da formação do Distrito de Educação II, da Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza. Para identificação dos sujeitos foi realizada uma observação participante e um questionário online. A análise dos dados baseou-se em quatro categorias temáticas pré-definidas: sentidos políticos da inclusão, dialogia, paz positiva e conflito produtivo. A fundamentação teórica apoia-se em autores como Freire (1970, 1979, 1987, 2005), Matos (2002, 2006), Jares (2002, 2006, 2007), Guimarães (2011), Perrenoud (2001), Mantoan (2006, 2010), entre outros e revelou que os docentes atribuem dois sentidos políticos ao trabalho do AEE. O primeiro, como reflexo da regra jurídica, representado na formalidade das leis e na política tradicional, e o segundo referindo-se às relações intersubjetiva no cotidiano escolar. Também revelou que o sentido político atribuído às relações intersubjetivas contribui para o respeito às diferenças e para a busca de parceria, a problematização da realidade da comunidade, a busca pelo comprometimento com a inclusão e a compreensão da gênese dos conflitos e de sua mediação.