Este estudo relata a minha primeira incursão em um trabalho de campo, representando um desafio gratificante. Apesar de estar avançado no quinto semestre na academia, a experiência prática era inédita. Antes da minha chegada à exposição, uma observação minuciosa do entorno foi realizada, o clima, para o horário, revelou-se propício e o metrô, apesar de populoso, apresentou um ambiente confortável, não alcançando níveis de superlotação. A minha habilidade em adotar uma perspectiva "antropológica" antes mesmo de ingressar na exposição permitiu observações notáveis, destacando-se o caso de uma jovem que, no metrô, dedicava-se ao tricô, um passatempo peculiar para o ambiente, esta ocorrência me instigou uma reflexão acerca da cultura latente e muitas vezes imperceptível em nosso cotidiano. A exposição, centrada na representatividade negra na arte, divergiu das minhas expectativas ao sugerir um ambiente menos inclusivo do que previamente concebido. A presença de visitantes era escassa e aqueles que estavam presentes pareciam ser incorporados como elementos da própria exposição. Uma mudança gradual ocorreu com o passar do tempo, entretanto, a maioria dos visitantes continuava a ser de ascendência branca, levando-me a ponderar sobre a dinâmica do protagonismo branco. Uma instalação de imagens de piscinas foi o ponto de partida para minha reflexão sobre a representatividades históricas e contemporâneas dos corpos negros em espaços de lazer. A configuração espacial da exposição foi meticulosamente orquestrada, destacando-se a escolha da paleta de cores e a disposição das instalações cúbicas. O desfecho da exposição, com mesas que evocam um bar típico e boias rudimentares, alude à herança colonial e à realidade periférica. O ápice da minha experiência foi a percepção de que estava imerso na "piscina" representada na exposição. Este momento de identificação e protagonismo ilustrou a poderosa interação entre corpo e espaço, ressoando a importância da representatividade e pertencimento na arte.