A presente pesquisa, de caráter transversal e abordagem qualitativa, buscou verificar a percepção de idosos acerca do bem-estar subjetivo (BES) e da autocompaixão. O estudo, aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa, contou com 11 idosos residentes nos estados da Bahia e Sergipe, com idades entre 60 e 72 anos (M = 63,90), sendo 63,63% do gênero feminino. Para a coleta de dados, foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado, contendo questões sociodemográficas e 6 itens distribuídos em dois eixos: 1) bem-estar subjetivo e 2) autocompaixão. Para alcançar o objetivo proposto, foi gerado uma Classificação Hierárquica Descendente, através do software IRaMuTeQ. Os resultados indicaram aspectos que parecem assumir um papel importante na avaliação subjetiva acerca do bem-estar, incluindo variáveis como: convivência e suporte familiar; melhores indicadores de saúde física (incluindo presença reduzida de adoecimento crônico); autonomia e independência; disposição para realizar atividades laborais e para lidar com desafios diários; e a vivência de emoções positivas. Os idosos também destacaram a relevância da autocompaixão enquanto uma estratégia psicológica positiva para adaptação aos eventos críticos de vida, especialmente por considerar que existem perdas e declínios que são esperados ao longo do curso de vida e que a aceitação representa um caminho promissor neste contexto. Conclui-se que a avaliação subjetiva acerca do bem-estar assume um papel importante na forma como os idosos avaliam a sua velhice, especialmente pelas ponderações acerca da experiência emocional e do quanto estes estão satisfeitos com suas respectivas vidas. Observou-se também que a autocompaixão foi associada a melhores desfechos na velhice, sendo referida como uma estratégia psicológica que favorece o enfrentamento e a adaptação positiva. Recomenda-se que estudos futuros possam explorar, a partir de desenhos mais robustos, as relações entre BES, autocompaixão e envelhecimento bem-sucedido, incluindo também o desenvolvimento de intervenções focadas na autocompaixão com esta população.