O cenário pandêmico (2020-2022) impôs desafios à educação pública. Com a suspensão das aulas nesse período, o ensino remoto tornou-se a opção para minimizar os efeitos negativos no processo de ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva, o Governo do Estado da Paraíba iniciou, em 2020, um trabalho de utilização das plataformas, incluindo internet e TV. Nesse período, a SEE/PB colocou em prática o Programa Desafio Nota 1000, cuja intenção estava vinculada à necessidade de subsidiar os estudantes para a escrita da redação no Exame Nacional do Ensino Médio. Esse movimento ilustra o início uma política linguística no estado. Objetiva-se, a partir desta pesquisa, investigar, à luz de seus instrumentos e resultados consolidados, o Desafio Nota 1000, para, dessa forma, compreender como essa iniciativa se insere no campo da política linguística (CALVET, 2008). Trata-se de um estudo de natureza qualitativa. Foram analisados documentos normativos e realizado um levantamento dos resultados da iniciativa. Calvet (2002) nos lembra que o planejamento linguístico pode ser entendido como a “implementação prática de uma política linguística” sobre a qual apenas o Estado tem o poder e os mecanismos para pôr em prática determinadas escolhas. Sendo assim, ao definir normas de supervisão e execução de ações voltadas ao uso da língua, a Paraíba efetiva o seu planejamento linguístico, alicerçado na intenção de fazer com que a língua seja utilizada com objetivo de gerar resultados em avaliações específicas, como o Enem. A partir dessa percepção, foi possível observar que o Programa Desafio Nota 1000 imprime a necessidade de os estados apresentarem propostas de uso da língua que atendam aos interesses imediatos, sem perder de vista as metas a médio e a longo prazo sob os acordes da efetiva aprendizagem dos jovens na Educação Básica.