A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) está dentre as primeiras universidades do país a aplicar política de reserva de vagas nos seus cursos de graduação como instrumento de combate às desigualdades educacionais que marcam o Brasil. A aplicação foi preconizada conforme a legislação aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), Leis 3.542/2000 e 3.708/2001. No entanto, a despeito da UERJ ter um dos mais renomados e elitizados colégios públicos do Estado, apenas em 2013 a ALERJ aprovou uma política afirmativa para estudantes negros, indígenas e oriundos de escolas públicas para o acesso diferenciado às vagas de educação básica da universidade. Assim sendo, desde 2014, 40% das vagas do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ) são objeto de uma política pública voltada para o combate às desigualdades educacionais. Tendo em vista que a entrada regular dos estudantes se dá no 1º e 6º anos do ensino fundamental, no ano de 2020 o CAp-UERJ formou, no 3º ano do ensino médio, a primeira turma impactada pela política de cotas. O presente trabalho pretende analisar o perfil destes estudantes, estabelecendo uma comparação com o perfil dos discentes da instituição que antecede a política afirmativa. Em linhas gerais se pretende observar a quão exitosa é a política pública de combate às desigualdades educacionais, mapeando o desenvolvimento do perfil dos egressos e verificando eventual mudança neste perfil. Este trabalho é parte da pesquisa “Mapeamento do perfil socioeconômico, identidades sociais e percepções de mundo do corpo discente do CAp-UERJ: instrumento para o monitoramento da política pública”. Esta pesquisa se utiliza de instrumentos qualitativos e quantitativos para monitorar o perfil dos estudantes de saída na instituição com intuito de construção de diagnóstico que subsidie os debates educacionais e as políticas de democratização de acesso e permanência na universidade.