A temática escolas de tempo integral foi postulada de forma pioneira por Anísio Teixeira com a Escola Parque. A partir de tal experiência, programas de ampliação da jornada ganham espaço na agenda político-educacional, obtendo ainda mais evidência com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024. Em cumprimento às prerrogativas da Meta 6, os estados iniciaram a elaboração das suas políticas realizando a implantação de escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Nesse processo, o estado de Pernambuco iniciou a experiência a partir de uma parceria com o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE). Esse Instituto também foi responsável pela implantação na Paraíba e no Rio Grande do Norte (RN). Trata-se de uma proposta pedagógica baseada em um modelo neoliberal da Escola da Escolha. A pesquisa busca compreender como os programas implementados pelos estados, a Escola Cidadã Integral (ECI) e o Pró-Médio Integral, programa da PB e do RN respectivamente, começam a ser formulados, qual o contexto de influência, considerando os cenários de conflitos de interesses e resistências. Partimos do ciclo de políticas de Stephen Ball (2006) para a análise da política educacional e das consequências no trabalho docente. Compreendemos que a ideia foi influenciada por um contexto no qual já existiam a experiência de Pernambuco e de outros estados e ainda do próprio governo federal. Foram usadas entrevistas e observação participante para constatar que essa formulação foi permeada pela consultoria de sujeitos provenientes da iniciativa privada que atuam em favor da lógica da produtividade. Embora a ampliação da jornada escolar tenha sido considerada crucial para a melhoria da qualidade da educação desses estados, existem diversas contradições e ambiguidades, mantendo em segundo plano questões relacionadas à valorização do trabalho docente, ao financiamento, à estrutura, à concepção de sociedade ou à formação integral do estudante no Ensino Médio.