Este ensaio reflete sobre as finalidades da escola pública e seu descompasso com as concepções neoliberais. A partir da revisão da literatura que aborda o sentido da educação, demonstra a incompatibilidade entre interesses públicos e privados, demonstrando que a educação como bem-comum, deve valorizar as virtudes de solidariedade, igualdade e tolerância em oposição a hipervalorização de competências individuais, característica fundante do neoliberalismo. Apoiado nos estudos de Freitas (2018) e Laval (2019) analisa os conceitos neoliberais de meritocracia, igualdade de oportunidades e competitividade, demonstrando que sua aderência junto a população, influencia a construção de subjetividades individuais e coletivas (LAVAL, 2019), criando mecanismos de legitimidade para reformas administrativas, assentadas no neoliberalismo. Reformas que instituem currículos prescritivos e avaliações censitárias que tolhem a autonomia docente e se constituem em mecanismos de responsabilização de educadores. Demonstra ainda, como a valorização de um currículo escolar utilitarista, alinha-se ao conceito de capital humano e objetiva atender aos interesses do mercado. Nesse sentido, assevera que o neoliberalismo transforma o direito coletivo de acesso a cultura e ao conhecimento científico socialmente construído em apropriação desigual, perpetuando as injustiças sociais. Baseado em Gentili (2009), analisa a expansão do acesso à educação como exclusão includente. Análise essa, que parte da reflexão de que, a inviabilidade da permanência da totalidade da população nas escolas públicas, deu-se pela ausência de reformas políticas estruturais. Observando essa questão, a partir da lógica neoliberal, apresenta a deterioração da imagem da escola pública como elemento integrante do projeto de privatização, entendido como categoria central da reforma empresarial do Estado brasileiro (FREITAS, 2018). Conclui que as reformas do Estado, amparadas nos princípios neoliberais, vinculam-se a uma nova ordem educacional mundial, que segrega de forma violenta a população mais pobre, sob o discurso da meritocracia e da igualdade de oportunidades, sentido inverso de uma educação humanista e emancipadora.