O presente trabalho tem por objetivo apresentar a crítica realizada pelo sociólogo paulista Florestan Fernandes (1920-1995) a educação conservadora no Brasil. Esta análise integra uma pesquisa mais ampla sobre o conservadorismo no pensamento social brasileiro e, no que tange a educação e ao referido autor, manifesta uma análise fundamentada, principalmente, no humanismo socialista como contraponto ao conservadorismo e o formalismo de seu discurso meritocrático. Esta pesquisa, em termos metodológicos, é de cunho qualitativo-bibliográfico e tomou a obra educacional de Florestan Fernandes como instância empírica de análise. Além disso, dialoga com trabalhos teóricos do autor que, na busca pela consolidação de uma sociologia arquitetada metodologicamente, almejou a cientificidade em oposição ao que chamou de conservadorismo cultural. Os resultados evidenciam a existência de uma crítica ao conservadorismo e de seus desdobramentos sobre a esfera educacional, principalmente, com a valorização de uma lógica humanista, comprometida com a dignidade humana e com uma ideia de desenvolvimento que suplanta o estritamente econômico como norteadores dos fundamentos e da prática educativa como proposta para o Brasil. Assim, ao evidenciar as históricas fissuras socioeconômicas, aponta para o conservadorismo como uma cultura política que faz sentido em determinadas instâncias de classe, principalmente, as favorecidas. Para as demais, as ideias conservadoras contribuem apenas para a produção e reprodução destas mesmas fissuras que, em termos educacionais, significa negar a importância de heranças materiais e culturais como marcas do privilegio educacional escamoteadas pelo discurso meritocrático conservador.