A educação é um processo que deve estender-se para além da sala de aula, atingindo as diversas camadas sociais e culturais das comunidades. A teoria do Círculo de Cultura de Paulo Freire destaca a importância da valorização das diferentes culturas para uma aprendizagem significativa. Uma experiência exemplar, que merece ser mencionada, ocorreu em Portalegre, com o grupo das Filomenas, artesãs locais, durante uma aula de extensão do curso de Psicologia da Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar (FACEP). O objetivo foi aplicar os princípios de Freire, explorando tradições e saberes, promovendo uma educação inclusiva e conectada com a realidade local. Para o estudo, foram utilizadas pesquisa bibliográfica qualitativa e pesquisa de campo, tendo como base a plataforma "Paulo Freire: memorial digital", com os descritores "quilombolas", "Portalegre (RN)" e "círculo da cultura". Durante uma aula sobre Relações Étnico-Raciais e Direitos Humanos II (MEC), foi realizada uma visita à comunidade quilombola do Sítio Pêga em Portalegre, RN. Uma roda de conversa inspirada no conceito de Círculo de Cultura de Paulo Freire foi integrada, promovendo um ensino-aprendizagem inclusivo, com ênfase no diálogo e na participação. O grupo “Filomenas”, do Quilombo do Pêga, fortalece a economia e a cultura afro-brasileira, mantendo tradições e gerando renda por meio de arte, culinária e dança, promovendo a independência comunitária e fortalecendo vínculos. Por meio do Círculo de Cultura, foi possível abordar e dialogar sobre os desafios vivenciados pela comunidade, incluindo apagamentos históricos, saúde mental, questões étnico-raciais, de gênero e ambientais, assim como suas lutas para manter a preservação local. Este estudo ressalta a importância de uma educação que ultrapasse os limites da sala de aula tradicional, criando um espaço propício para o resgate das relações culturais e uma abordagem participativa em relação às complexidades enfrentadas pela comunidade, abarcando questões étnico-raciais.