As narrações orais exercem um papel muito importante na difusão da cultura de um povo. A princípio, as narrativas artesanais e as primeiras transcrições dos contos, não tinham essas características que vemos na atualidade, de serem leves e encantadores, voltados prioritariamente para o público infantil. O que tínhamos eram contos voltados para o público adulto, com narrações muitas vezes macabras, sem nenhuma preocupação em serem filtradas antes de apresentadas às crianças, pois as mesmas eram vistas pela sociedade. Assim, a cada história recontada, podem ser acrescidos nela novos elementos do narrador. Como corpus ficcional, trazemos o conto de fadas Cinderela, que ao longo dos séculos, foi repassado de forma artesanal, de geração em geração e recolhido por diversos escritores, e de acordo com Cascudo (2004) tem 130 variações. A origem do conto de fadas Cinderela não é muito precisa. Em razão de existir centenas de variações semelhantes dessa narrativa espalhadas pelo mundo. Mas, estudiosos acreditam que a versão mais antiga pode ser a chinesa, que é de aproximadamente 860 A.C. No entanto, não é possível saber a sua autoria, pois faz parte da tradição oral dos povos da antiguidade e foi sendo disseminada em diferentes nações. Dentre as inúmeras versões espalhadas pelo mundo, escolhemos três: A Gata Borralheira, dos irmãos Grimm; Bicho de Palha, de Câmara Cascudo e a adaptação para as telas dos Studios Walt Disney, trazendo as semelhanças e diferenças entre essas variações.