O presente trabalho propõe uma reflexão sobre o uso articulado dos conceitos de colonização e colonialidade de gênero em aulas de história como caminho para desnaturalizar as normas de gênero e sexualidade hegemônicas em nossa sociedade e construir identidades “razoáveis”, no sentido proposto por Luís Fernando Cerri. Baseado em uma experiência curricular realizada junto a turmas de 8º ano do ensino fundamental, este trabalho se assenta teoricamente no campo da Educação Histórica e no conceito de colonialidade de gênero, de Maria Lugones, em diálogo com a historiografia sobre colonização do Brasil e das Américas. Os conceitos de gênero, identidade e alteridade são centrais para a proposta desenvolvida. Metodologicamente, a experiência esteve incluída em um processo de pesquisação que tinha como objetivo elaborar um currículo para o ano de escolaridade, que tinha dentre seus pressupostos desenvolver uma abordagem que questionasse tanto o eurocentrismo quanto o nacionalismo metodológico que muitas vezes orienta a narrativa histórica. Os principais resultados observados dão conta da importância de abordar a temática de gênero e sexualidade articulada com a experiência colonial, mas necessariamente em diálogo constante com as continuidades da lógica colonial no presente e no cotidiano vivido pelos estudantes. O gênero é ainda um território de disputa e isso é especialmente verdadeiro durante a adolescência. Nesse sentido, a escola como um todo e a história escolar têm um papel estratégico na construção de conhecimento e de identidades no que diz respeito a essa temática.