Este estudo busca desvendar as práticas alimentares de mulheres rurais no Rio Grande do Sul, entrelaçando cultura, gênero, poder, trabalho e educação. Ancorado em autores como Lugones, Brandão, Minayo e Ciavatta, a pesquisa em andamento se organiza no interior de três municípios, sendo: Casca, Serafina Corrêa e Montauri. Através de entrevistas semiestruturadas com 47 mulheres, a pesquisa busca revelar como seus hábitos alimentares se entrelaçam com a tradição, preservando receitas e saberes ancestrais que constroem a identidade cultural dessas comunidades. No entanto, as desigualdades de gênero se fazem presentes, onde as mulheres assumem majoritariamente o trabalho doméstico, incluindo o preparo das refeições que se reflete na organização da vida familiar no campo. As relações de poder também se refletem dentro dessas práticas cotidianas, apesar de ter papel central nessas propriedades rurais, essas mulheres ocupam um papel secundário no reconhecimento dessas atividades diárias. Apesar dos grandes desafios, a comensalidade emerge como um elemento central na construção da identidade social e na manutenção dos laços afetivos como processo de potência dessas senhoras, onde a comida se torna um símbolo de união, resistência e esperança. Neste sentido, objetiva-se compreender os significados da comida dentro dessas relações onde as mudanças e permanências das práticas alimentares ocorrem, as formas que o determinam, tais como hábitos, tradição e influência atrelando aos saberes e aos hábitos.