A passagem da educação infantil para o ensino fundamental, especialmente, o ingresso na alfabetização, exige um olhar zeloso, objetivando garantir a continuidade dos processos de aprendizagem. É fundamental que o 1º ano do ensino fundamental mantenha um ambiente que valorize o brincar, potencializando a escola como o espaço do encantamento. Um dos principais dilemas nesse processo é evitar rupturas, assegurando uma transição suave que permita às crianças exercerem seu direito de aprender de forma integrada e contínua. Essa passagem não deve ser vista como uma simples sucessão de etapas, mas como um compromisso dos adultos em abrir portas para que a criança se desenvolva como um indivíduo único, inserido em uma sociedade e cultura específicas. No entanto, ao ingressar no 1º ano do ciclo de alfabetização, muitas vezes, observa-se a significativa diminuição do elemento lúdico, essencial para o desenvolvimento cognitivo e emocional. O foco tende a se desviar para a aquisição da linguagem socialmente aceita, frequentemente desconectada do contexto significativo para a criança. Essa mudança pode desestabilizar a criança, que se vê, subitamente, privada de elementos fundamentais para seu desenvolvimento, como a imaginação e o jogo simbólico. Além disso, os professores enfrentam o dilema do acolhimento dessas crianças não conseguindo vislumbrar maneiras de conhecer e valorizar suas vivências. Tal ausência pode dificultar a criação de um ambiente de aprendizagem que realmente atenda às necessidades e potencialidades individuais de cada estudante. Portanto, este texto reflete sobre a importância de abordar a passagem para a alfabetização com sensibilidade e respeito pela continuidade das experiências infantis, valorizando o brincar como um componente essencial da educação inicial. A escola deve acolher e estimular a criança a explorar, aprender e crescer harmoniosamente, valorizando sua individualidade e o contexto lúdico de suas primeiras interações com o conhecimento.