A educação, numa perspectiva ontológica materialista, é um complexo social que surge a partir do processo de humanização dos seres sociais, sendo responsável pela transmissão dos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade para as gerações futuras, assegurando a possibilidade de constante produção do novo. A categoria trabalho funda o mundo humano, mas não se esgota em si mesma, fazendo surgir novos complexos sociais, como é o caso da educação. Trabalho e educação estão estritamente ligados. Ponce (1986), demonstra esse vínculo ao descrever como se dava a educação igual para todos nas comunidades primitivas, cujo trabalho era coletivo e comunal. Já nas sociedades divididas em classes e cujo trabalho era explorado, temos o relato de um modelo de educação dual, de marca alienante e fragmentada para a classe trabalhadora, e omnilateral para a classe dominante. O objetivo desse trabalho é apresentar a experiência de resistência de jovens da periferia da cidade de Sobral, no Ceará, que se reúnem aos sábados em uma praça, sob a mediação do movimento Levante Popular da Juventude, para debater o papel da educação em suas vidas, e as possibilidades de entrar numa universidade pública. A metodologia utilizada caracteriza-se como qualitativa e se enquadra na modalidade de relato de experiência. Contamos ainda com os debates realizados no Grupo de Estudos Lutas Universitárias, Trabalho e Educação (GELUTE)/UVA. A temática justifica-se pela necessidade de fomentarmos esses debates que enfrentam as contradições da sociedade atual, tendo como horizonte colaborar com um processo de emancipação humana. Essa reflexão está apoiada nas pesquisas Marx (1986), Netto e Braz (2007) e Ponce (1986). Concluímos que os referidos encontros dos jovens da periferia de Sobral para debater a relação entre trabalho, educação e o papel do acesso à universidade pública em suas vidas têm sido um espaço de resistência, empoderamento e reflexão.