Este trabalho deriva de uma pesquisa sobre os diversos tipos de militarização da escola básica. Nesta etapa, coloco em análise as relações do cotidiano de uma sala de aula das classes populares, em uma unidade escolar pública municipal na cidade do Rio de Janeiro. Um aspecto fundamental na percepção e no entendimento de como se dão o ensino, a didática, a aprendizagem, a formulação e execução das políticas públicas (que repercutem na escola) e as disputas políticas, tanto quanto os diversos afetos que compõe tal aparelho social é o poder. Este, que expressa e determina uma complexa teia de atravessamentos e filigranas, um rizoma (Deleuze e Guattari) que vem a ser visível pelos rastros genealógicos (Nietzsche) que serão colocados em evidência aqui pelo viés dos ilegalismos. Termo cunhado por Foucault ao mostrar como o dispositivo legislativo pode criar espaços onde as leis (feitas por uns e impostas a outros) têm a possibilidade de serem violadas ou ignoradas. A condução desses ilegalismos (por exemplo a falta-presença, a violência, as notas, o uniforme, a participação em atividades) é consistente e generalizada por técnicas de controle dos comportamentos e dos modos de vida das famílias através da disciplinarização. Objetivo mostrar as resistências à disciplina, a norma e as leis nos processos de escolarização que geram mais demanda por controle e punição e desemboca na adesão subjetiva à militarização como pedagogia útil ao funcionamento do ensino público e, portanto, da sociedade.