Este trabalho objetiva analisar a capa do livro paradidático infantil “Amoras” do rapper Emicida (2018) a partir da Gramática do Design Visual de Kress e van Leeuwen (2006). Como aporte teórico, utilizamos: Munanga (2007); Mbembe (2018); Pinheiro (2023); Schneuwly e Dolz (2004); Callow (2008) e Kress e van Leeuwen (2006). Segundo Schneuwly e Dolz (2004, p. 71), o gênero é “utilizado como meio de articulação entre as práticas sociais e os objetos escolares, mais particularmente no domínio do ensino da produção de textos orais e escritos”. Dessa forma, consideramos o livro paradidático “Amoras” como relevante para a formação docente no ensino de língua portuguesa, principalmente por estimular práticas de letramento multimodal por meio de uma educação antirracista com ênfase no protagonismo feminino negro. Destacamos, à luz da multimodalidade, que, na metafunção representacional, temos uma menina que direciona o olhar para a palavra “Amoras”, a qual pode denotar o plural de amor, além do nome de uma fruta doce e escura e também o nome da garota. Na metafunção composicional, temos uma imagem mais abstrata com saliência para os olhos da menina. O elemento do topo da capa se evidencia como ideal, sendo a palavra colorida “Amoras” (nas cores rosa, amarelo e azul), já o elemento real é o rosto da personagem. Na metafunção interativa, o olhar de demanda da personagem representada, conforme a GDV, dá protagonismo à menina negra e a aproxima dos(as) leitores(as), ao mesmo tempo há um olhar de submissão por estar localizado na parte de baixa da capa e o globo ocular estar direcionado para cima. Preliminarmente, acreditamos que a capa do livro “Amoras” assim como todo o conteúdo das páginas que o compõem a obra podem ser empregados em formações docentes a fim de promover práticas de letramento multimodal crítico sobre africanidades.