O presente resumo tem por objetivo apresentar reflexões a partir da análise de um artefato cultural (letra da canção “Nega do cabelo duro”) considerando algumas expressões envolvendo diferentes corpos pertencentes a uma parcela da sociedade , que em seu cotidiano sofre com frequência discriminação e a ela resiste. Fez-se uma discussão olhando para alguns conceitos importantes, que caracterizam a diferença entre os corpos na sociedade e na cultura. Recebem destaque os conceitos de representação, identidade, diferença, interseccionalidade e branquitude a partir das lentes teóricas dos Estudos Culturais, com destaque para Hall (2016); Silva (2014); h ooks (2019); Ang (2020); Bento (2022) entre outros. Evidenciaram-se alguns pontos que carecem de atenção no tocante às diferenças carregadas por corpos colocados na paisagem social e os modos pelos quais suas identidades são modificadas com o passar do tempo. Ressalta-se principalmente o corpo da mulher negra, marcado socialmente em razão da cor de sua pele. A branquitude, por sua vez, é vista como sinônimo de progresso, ao passo que homem e a mulher negra são postos numa posição de menor valor na escala social, chegando a vivenciar exposições discriminatórias, conforme verificado no artefato cultural analisado. A representação dos corpos é posicionada aos olhos da sociedade conforme os significados produzidos sobre eles. É importante considerar suas experiências e sua cultura nesse processo. A interseccionalidade se manifesta como uma forma de evidenciar as vivências nas relações sociais. Ela considera os traços físicos observados por grupos sociais distintos e pelo outro. A composição do corpo em destaque é constituída por elementos classificatórios como cor, classe e gênero. Esses elementos constituem um sujeito diverso e singular. Na maioria das vezes, esse sujeito não é respeitado como se faz necessário no contexto da contemporaneidade.