Historicamente, o acesso das mulheres à educação, inclusive à Educação Profissional, ocorreu acompanhada da restrição aos conhecimentos não relacionados sócio-culturalmente a papéis tidos como femininos. Na atualidade, os Institutos Federais (IFs) despontam como instituições de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) que buscam a formação integral de todos(as) os(as) estudantes, combatendo, portanto, desigualdades de gênero. Neste artigo, analisamos a produção científica da Pós-Graduação brasileira sobre estudantes mulheres nos cursos técnicos dos IFs no período de 2012 a 2022. Constituíram-se referenciais teóricos autores da EPT, como Frigotto (2018) e Ramos (2014); e de estudos de gênero, como Schiebinger (2001) e Kovaleski et al. (2013). O estudo é de natureza qualitativa, de caráter exploratório e bibliográfico, do tipo “Estado do Conhecimento”. Como fonte de pesquisa, utilizamos o Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Observatório do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT). Os trabalhos foram selecionados a partir da leitura dos títulos, resumos e palavras-chave. Para a análise, utilizamos a Técnica de Análise de Conteúdo Categorial Temática. Localizamos dez trabalhos, que foram lidos na íntegra. Desses estudos, sete foram desenvolvidos em cursos técnicos integrados e três em técnicos subsequentes. Os resultados das produções demonstraram que as mulheres ganharam espaço nos cursos técnicos dos IFs. Apesar disso, as relações de gênero continuam impactando negativamente o acesso e a permanência das mulheres em áreas majoritariamente ocupadas por homens. Nos cursos dessas áreas, tradicionalmente tidas como masculinas, os índices de matrícula são menores e os de evasão são maiores por parte das mulheres. Ressaltamos a necessidade de mais pesquisas que abordem o tema das desigualdades de gênero no âmbito dos IFs para aprofundamento desses achados.