O Parkour é uma atividade física e emocional que envolve o uso do corpo para superar obstáculos dentro de uma rota. A partir da execução de movimentos instintivos e intuitivos, o sujeito adquire força física e mental para se adaptar ao ambiente em múltiplas circunstâncias, desenvolvendo habilidades resultantes na aquisição de autoconfiança, autoconhecimento e comportamentos pró-sociais. A prática consiste no uso de técnicas que investem no cuidado com o sujeito para a realização dos movimentos de modo simples e natural, todavia, proporciona ao praticante, a liberdade de escolher seu percurso, movimentando-se de acordo com sua personalidade, demandando uma imaginativa reformulação das configurações espaciais e corporais, assim como o esforço reflexivo de redescoberta de si próprio. Este trabalho consiste em um relato de experiência de estágio curricular realizado no CAPSad através de oficinas de Parkour, evidenciando as contribuições desta prática no tratamento da dependência química. As oficinas foram estruturadas a partir de quatro etapas: esclarecimento da proposta do Parkour, aquecimento, superação dos obstáculos através do movimento e conversação para acolher as experiências. As atividades foram realizadas no espaço de lazer da cidade e auxiliadas por dois instrutores, que conduziram as oficinas para 10 usuários do sexo masculino com faixa etária entre 20 a 60 anos. Para a coleta de dados, adotou-se a construção de diários de campo, cujos dados foram tratados a partir de análise contextual. Os usuários participaram ativamente e, como resultados, constata-se a identificação com a prática, refletindo na compreensão de sua utilidade em situações em geral, sobretudo, concernente à busca de estratégias para lidar com as dificuldades emocionais do cotidiano, atribuindo um sentido ao movimento diante da superação dos limites e das complexidades impostas pelos obstáculos, assim como pelas intercorrências da vida. Denota-se ainda, na experiência e nos discursos, a sensação de liberdade proporcionada pelo resgate dos movimentos realizados na infância e a aquisição de consciência corporal e de confiança em si e no outro, reconhecendo a importância do altruísmo. Conclui-se a relevância e a eficácia do Parkour, no tratamento da dependência química, por trabalhar a integralidade do sujeito revelando a imensidão de caminhos possíveis para potencializá-los.