Introdução: As ideias fixadas no imaginário popular acerca do câncer, ligam, frequentemente, à morte, à algo fora de controle e cujo tratamento é extremamente penoso e negativo. Diante disso, o diagnóstico pode ser devastador para o indivíduo, que traça para si, como destino inevitável, o sofrimento. A adesão ao tratamento torna-se difícil, de modo que muitos precisam desenvolver mecanismos próprios de defesa psíquica a fim de atribuir um significado à experiência e torná-la suportável ao sujeito. Objetivo: Refletir como a substituição significante decorre como um mecanismo de defesa psíquica, permitindo que o sujeito possa se reaver com a sua doença, e enfatizar, com isso, a importância da atenção do profissional cuidador às questões de ordem subjetivas. Método: Trata-se de um Relato de Experiência oriundo de uma atividade de pesquisa do PET – FITOTERAPIA na Fundação Assistencial da Paraíba – FAP, em Campina Grande – PB, acerca dos usos de plantas medicinais por pacientes com câncer acompanhados no Hospital. Resultados e discussões: Aplicando-se questionários nos pacientes em tratamento quimioterápico ou radioterápico no Hospital da FAP, foi possível notar a frequente utilização da substituição significante enquanto recurso de auto-proteção. Dentre os pacientes entrevistados, grande quantidade utilizava-se da palavra “CA” como referente ao câncer, enquanto outros se apropriavam apenas do termo “doença” e alguns, por sua vez, erradicavam de suas vidas a ideia de que estavam doentes. Enquanto nos primeiros é possível notar uma substituição do nome que carrega o estigma, na tentativa de minimizar o impacto do estigma implicado, nos últimos observa-se a tentativa de fuga do real que lhes é insuportável, um silêncio preservado em relação à doença, refletindo profundas implicações simbólicas com relação ao adoecer. Conclusão: A substituição de um significante por outro ou mesmo pelo silêncio possui caráter de grande valia para o indivíduo que, em se valendo desse recurso, consegue se posicionar diante do seu sintoma psíquico e, portanto, da dor e da negatividade que estão implicadas nos discursos acerca do câncer. O reconhecimento e respeito à essa proteção do sujeito é de extrema importância para uma adesão positiva ao tratamento e para o próprio indivíduo, sendo fundamental a atenção e adesão dos profissionais cuidadores no que diz respeito à essa questão, de modo que estejam atentos não somente à saúde do corpo, mas aos mecanismos psíquicos que cada ser humano pode desenvolver para consegui atribuir um significado e uma suportabilidade a experiência da qual passa, respeitando, assim, os limites desse sujeito.