A doença de Chagas (DCH) configura um dos principais problemas médico-sociais brasileiros e um alarmante problema de saúde pública na América Latina. Quanto à relevância para a saúde pública, e considerando-se as taxas de dispersão, infestação predial, colonização intradomiciliar, infecção natural pelo T.cruzi, antropofilia e número total de capturas, as espécies triatomínicas responsáveis pela ocorrência da DCH no Nordeste têm sido basicamente T.brasiliensis, P.megistus, T.infestans, T.pseudomaculata e ainda, provavelmente, R.nasutus e T.sordida. Desse modo, o presente estudo objetiva realizar a caracterização das espécies de triatomíneos presentes na mesorregião do Oeste Potiguar, verificando as principais ocorrências de triatomíneos no período de 2011 a 2012. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e retrospectivo, sendo desenvolvido através da análise da série histórica de dados acerca dos triatomíneos capturados pelos municípios do programa de controle de Doença de Chagas (PCDch) da II Unidade Regional de Saúde Pública (URSAP)/RN. Os dados foram coletados em 18 municípios do RN que realizaram atividades referentes ao controle da DCH, e correspondem ao período de 2011 a 2012. A coleta dos triatomíneos se deu através de captura no domicilio e peridomicílio, assim como em escolas, capelas e casas abandonadas, por agentes de endemias dos municípios da II Regional de Saúde em visitas domiciliares programadas anualmente sem utilização de desalojantes ou trazidos por moradores das áreas. Foram utilizadas pinças metálicas e lanternas para inspeção de frestas e locais desprovidos de luminosidade que pudessem servir de abrigo para os triatomíneos. Os capturados foram colocados em recipientes de plástico rotulados com endereço e data da captura e enviados para o laboratório regional de entomologia da II Regional de Saúde do RN, onde foi realizada a identificação taxonômica das espécies e exame de compressão abdominal para identificação dos triatomíneos infectados com T.cruzi. A amostra total de triatomíneos recebidos dentre os 18 municípios neste período foi de 2.492, distribuídos nas espécies T.brasiliensis: 1.485 (59,5%), T.pseudomaculata: 967 (38,8%), P.lutzi: 19 (0,8%), R.nasutus: 12 (0,5%) e P.megistus: 9 (0,4%). As espécies de triatomíneos mais predominantes foram o T.brasiliensis e T.pseudomaculata. Os municípios que apresentaram positividade durante esse período foram Gov.Dix-sept Rosado, Janduís, Apodi e São Rafael, dos quais foram recebidos: Gov. Dix-sept Rosado: 140 triatomíneos, distribuídos nas espécies T.brasiliensis 136 (97%); T.pseudomaculata 2 (1,5%); e P.lutzi 2 (1,5%). Janduís: 99 triatomíneos, distribuídos em T.brasiliensis 20 (20%), e T.pseudomaculata 79 (80%). Apodi: 390 triatomíneos, dos quais 199 (51%) correspondiam à espécie T.brasiliensis; 183 (47%) ao T.pseudomaculata; 6 (1,5%) ao P.megistus; e 2 (0,5%) da espécie P.lutzi. São Rafael: 272 triatomíneos, distribuídos nas espécies T.brasiliensis 188 (69,3%); T.pseudomaculata 82 (30%); e P.lutzi 2 (0,7%). Neste sentido, vemos que a presença de triatomíneos nesta região ainda é uma realidade presente, ainda que os municípios pesquisados participem do PCDCh. A ocorrência de triatomíneos positivos nestas regiões ainda que em valores moderados, constitui uma problemática passível de constante monitoramento e controle. Sugere-se, a partir deste pressuposto, que os municípios da mesorregião investigada continuem as medidas de atenção ao controle do vetor, na perspectiva incitar melhorias quanto à amenização desta patologia.