O presente trabalho objetiva apresentar a Terapia Comunitária como uma possibilidade de intervenção junto ao grupo de família do CAPS ad, considerando uma experiência de estágio curricular do curso de Psicologia no CAPS ad da cidade de Campina Grande - PB. O CAPS ad além do atendimento aos usuários de álcool e outras drogas, contempla também o atendimento à família, como um espaço de apoio e orientação para os participantes. Diante da finalidade de potencializar o atendimento ao grupo de família, sugerimos que as reuniões fossem realizadas na modalidade da Terapia Comunitária, proporcionando uma escuta integralizada, abrindo espaço para que os participantes se posicionassem como sujeitos para além do rótulo de “familiar de usuário de drogas”. Assim, a Terapia Comunitária foi desenvolvida semanalmente, enfatizando o compartilhamento de experiências e o seu caráter terapêutico. Cabe salientar que a Terapia Comunitária é sistematizada em 5 momentos, a saber: acolhimento, escolha do tema, contextualização, problematização e encerramento. O acolhimento busca promover a interação grupal e apresentar as normas da Terapia Comunitária: ouvir o outro sem dar conselhos e nem fazer sermões, respeitar a história do outro e o sigilo em relação ao conteúdo da terapia. Na escolha do tema os participantes expressam suas angústias de forma breve e o terapeuta realiza uma síntese de cada caso para no final expor ao grupo e facilitar a escolha do tema a ser melhor explorado na terapia em questão. Concernente à contextualização, a pessoa que teve o tema escolhido explanará mais detalhadamente acerca do problema em pauta. Na problematização o terapeuta lança o mote, questionando aos participantes quem já vivenciou a situação ou algo semelhante e quais os recursos alocados para superar/enfrentar esta adversidade. No encerramento os participantes avaliam a terapia, reafirmando o compromisso com as normas desta metodologia e despedem-se. Em nossa experiência, as perguntas lançadas para o grupo desencadeavam múltiplos discursos que mantinham relações com a história relatada, configurando-se em um espaço de compartilhamento de experiências e fortalecimento das funções egóicas. Notou-se a mudança de foco dos participantes que, inicialmente, não se posicionavam enquanto sujeitos para além dos aspectos referentes ao familiar usuário de drogas. A Terapia Comunitária evidenciou para os familiares que a reunião de família é um espaço acolhedor de diversas demandas, mesmo daquelas que não mantêm relação direta com a problemática concernente às drogas. Sinteticamente, percebemos a importância e a viabilidade da Terapia Comunitária como um dispositivo privilegiado de acolhimento e compartilhamento de experiências, destacando o efeito terapêutico. Desenvolver a Terapia Comunitária junto ao grupo de família do CAPS ad mostrou-se como mais uma possibilidade de intervenção com este público. A confirmação da pertinência desta metodologia junto ao referido grupo foi denotado pelo respaldo dos familiares ao avaliarem positivamente as reuniões realizadas nesta modalidade.