O presente artigo busca refletir sobre as primeiras aproximações das crianças com o universo da escrita, tratando especificamente do desenho infantil, pautado na ideia de que as crianças carregam consigo conhecimentos, crenças e atitudes prévias, que desempenham um papel importante no processo de aprendizagem. A alfabetização é destacada como um dos principais processos do desenvolvimento intelectual na educação infantil, e dentro dessa categoria está presente o processo de aquisição da linguagem escrita pelas crianças pequenas antes mesmo de estarem no âmbito escolar, a exemplo das representações que fazem através de registros pessoais como desenhos, marcas em papeis ou outros suportes, rabiscos, garatujas, entre outros sinais deixados pelas crianças como atribuição de sentido ao que pensam e sentem. Dessa forma, é enfatizado que a escrita não é construída apenas dentro da sala de aula, mas sim dentro do contexto social em que a criança está inserida. No decorrer das discussões busca-se dialogar com teóricos, em destaque Ferreiro (1985); (2000), que abordam a discussão sobre a aquisição da linguagem escrita em crianças. É apresentado as fases de desenvolvimento do desenho da criança nas perspectivas de Luquet (1969), as evoluções da grafia das crianças segundo Ribeiro (2011), comparando-as com a teoria cognitiva apresentada por Piaget (1971), apontando que o desenho é precedido pela garatuja, perpassando por várias fases evolutivas até se constituir na escrita. Contudo, para entender o desenho como instrumento necessário à aprendizagem da leitura e da escrita na educação infantil é preciso compreender os processos pelos quais as crianças vivenciam até chegarem à escrita convencional, além de compreender o contexto em que a criança vive e os sentidos atribuídos por ela desse contexto.