Este trabalho descreve a realização do projeto “De portas abertas: por uma escola antirracista”, desenvolvido em uma escola municipal de ensino fundamental da cidade de São Paulo, entre os anos de 2021 e 2022, com estudantes dos oitavos e novos anos (Ciclo Autoral). O projeto consistiu em uma abordagem da temática do racismo, a partir da demanda dos próprios educandos. A partir da descrição de suas etapas e seu desenvolvimento, propomos um diálogo entre a concepção de memória, conforme definida por Lélia Gonzalez, importante intelectual negra brasileira, e o conceito de conscientização em Paulo Freire. Nosso intuito é demonstrar como o projeto em questão, ao propor uma intervenção artística no prédio escolar – a saber, nomear as salas de aula em homenagem a personalidades negras do Brasil e do mundo, grafitando-as nas portas das salas – contribuiu para resgatar a memória e a cultura africana e afro-brasileira, fazendo frente ao silenciamento e ao apagamento a que esta memória e cultura foram legados devido ao caráter estrutural do racismo. Trata-se de uma contribuição para a aplicação das leis 10.639/03 e 11.645/08. Além de Gonzalez e Freire, também trazemos ao debate as contribuições de outros intelectuais negros, como Milton Santos, Silvio Almeida, Abdias do Nascimento e Nilma Lino Gomes, com o objetivo de contribuir para pensar como nós, educadores, podemos construir propostas didáticas na educação básica que ajudem a fomentar uma educação e uma escola antirracistas e uma sociedade sem racismo.