Com a pandemia de COVID-19 as instituições de ensino precisaram se adaptar ao ensino remoto em caráter emergencial. Contudo, esta realidade atingiu de forma diferente os alunos, principalmente quando se observa grupos sociais que já apresentavam maior vulnerabilidade. As disparidades sociais envolvendo sexo e raça/cor persiste historicamente ao longo do tempo e puderam ser observadas durante o isolamento social. Desta forma, o objetivo do estudo foi avaliar a autopercepção de estudantes do curso de farmácia de uma instituição de ensino superior pública em relação à saúde, ensino e renda. Compararam-se os dados obtidos em dois períodos diferentes, em 2020 e 2021, durante o Ensino Remoto Emergencial, segmentando os resultados de acordo com a raça/cor e sexo. As características dos discentes foram descritas e as variáveis de percepção foram comparadas com a realização do teste ANOVA. Observou-se piora da percepção de saúde por causa da pandemia no período avaliado, sendo que os grupos do sexo feminino e de raça/cor preta/parda apresentaram as maiores médias. Ademais, em relação ao trancamento do semestre na instituição, o grupo que mais se diferenciou foi do sexo feminino, independente da cor, embasando a hipótese da sobrecarga que este grupo vivenciou neste período. Em relação à renda, não houve diferença de percepção de redução de renda em nenhum subgrupo quando comparado entre os anos 2020 e 2021. Porém, quando os subgrupos foram comparados entre si, no ano de 2020, pessoas do sexo masculino, de cor/raça preto/pardo apresentaram médias superiores ao grupo do mesmo sexo de cor branca. Com os dados, é demonstrada a necessidade de fomento de políticas estudantis que priorizem os grupos mais vulneráveis, como forma de garantir a manutenção no curso e término dos estudos.