Este trabalho é fruto do diálogo entre duas pesquisas com professoras de escolas municipais do Ensino Fundamental I, e professores/as de sociologia de escolas estaduais do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. A partir da problematização de formas de violência(s) que direcionam a prática docente na constituição de práticas discursivas em torno do “pânico moral” e da “ideologia de gênero”, destacamos os “embates hegemônicos” (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2018; SILVA; ALMEIDA; DIAS, 2020) que mobilizam processos de identificação dos sujeitos escolares inscritos na posição professor/professora. O objetivo deste trabalho é identificar como a prática docente tenciona discursos antigêneros, e quais possíveis estratégias (ou contra-discursos) emergem dos processos de (des)identificação com pedagogias que tensionam a (não) ideologia de gênero. Como perspectiva teórico-metodológica, nos inscrevemos na abordagem discursiva e pós-estruturalista da Teoria do Discurso (LACLAU; MOUFFE, 2015), admitindo aspectos de contribuição da Análise do Discurso Francesa (MAINGUENEAU, 2015) em proposição de articulação teórico-analítica (OLIVEIRA, 2018). Analisamos narrativas dos professores e das professoras que participaram das pesquisas para perceber como a configuração de um ethos pedagógico corrobora com um tipo de prática docente que disputa o horizonte curricular (DIAS, 2019) de contralógica (GLYNOS; HOWARTH, 2018) do discurso antigênero (SILVA, 2020). Consideramos, dentre outras, que as professoras e os professores da educação básica constituem processos de (des)identificação com os discursos antigêneros por meio de estratégias que acionam sentidos curriculares instituídos e instituintes no que dizem respeito as relações de gênero e sexualidade na prática educativa escolar.