O processo de urbanização nas cidades brasileiras associado à falta de planejamento público e mudanças ambientais causadas pelo homem elevam o grau de vulnerabilidade da população com a chegada das chuvas, principalmente dos que moram em áreas de riscos. Nesse contexto, o trabalho tem como objetivo analisar o processo de expansão da cidade de Salvador-BA, bem como investigar os impactos socioambientais recorrentes na cidade causados pelas fortes chuvas. A escolha da capital baiana teve como critério a sua importância histórica, a formação de seu relevo acidentado e os altos índices de precipitação. Sua construção inicia-se paralelamente ao começo da história do Brasil, até o século XVIII a sua expansão se manteve no núcleo original em volta da orla da baía e pela margem atlântica. A partir do século XX o rápido crescimento da população, principalmente entre 1960 e 1990, consolidou a sua expansão territorial. Hoje, é a quarta cidade em população do Brasil, com 2.886.698 habitantes, e particularmente vulnerável a eventos intensos de chuva. Através da distribuição mensal da normal climatológica da precipitação do período de 1961-1990 do INMET, observou-se que as chuvas são frequentes durante todo o ano, com valor médio anual de 2.144,1mm. O quadrimestre chuvoso ocorre de abril a julho, com máximo no mês de maio (359,9mm). Nos registros da defesa civil do ano de 2012 a 2019 os alagamentos e deslizamentos de terras são os desastres mais recorrentes em Salvador. O ano de 2015 se destacou ao apresentar altos índices pluviométricos (1569,6mm) no quadrimestre chuvoso, o equivalente a 73% da média esperada para todo o ano, e que resultou em deslizamentos de grande volume de terra que provocaram desabamentos de imóveis, desalojados, pessoas soterradas e vítimas fatais. Ressalta-se que nos períodos de fortes chuvas em Salvador, as principais vítimas moram em áreas de risco eminente.