Em um cenário de rápidas mudanças sociais, é possível notar como o avanço das tecnologias digitais da informação e da comunicação têm potencializado múltiplos modos de comunicação a partir de diferentes linguagens. Além disso, têm facilitado um contato maior com culturas distintas, de lugares distintos. Tal multiplicidade está presente na sala de aula de maneira latente nas práticas de letramento dos alunos. Essas mudanças impactam os materiais didáticos, pois os impressos nem sempre dão conta das necessidades pedagógicas de um alunado que produz e lê, cada vez mais, textos multimodais e multiculturais. Nesse contexto, o protótipo de ensino (ROJO, 2017) se apresenta como um material didático digital e alternativo para as aulas de língua(gem). Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar o protótipo de ensino que elaboramos a partir da história em quadrinhos intitulada Jeremias - Pele, de Rafael Calça e Jefferson Costa, cuja temática propicia não apenas o trabalho com textos multimodais e multiculturais, mas também com uma perspectiva antirracista na sala de aula. Esta pesquisa, de cunho qualitativo-interpretativista, também objetiva, inserindo-se no campo da Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006; RAJAGOPALAN, 2003; KLEIMAN, 2013), analisar o material à luz da pedagogia dos multiletramentos (GRUPO NOVA LONDRES, 2021 [1996]). Este desenho pedagógico enfatiza o trabalho com textos multiculturais e multimodais, para que o aluno possa desenhar criticamente outras realidades possíveis. Percebemos que o protótipo de ensino é um material robusto e propício para lidar com as diferentes linguagens, em diferentes mídias e nos mais diversos gêneros (canônicos e não canônicos).