A reforma educacional ocorrida na década de 1990 introduziu na educação a gestão por resultados, tendo por base o ensino por competências. A partir desse período, os documentos normatizadores do ensino no Brasil, a saber, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB Nº 9.394/1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/1997) e, mais recente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2017), propõem que o ensino ocorra mediante o ensino das competências em cada ano da educação básica. Com a BNCC coloca-se às escolas a responsabilidade de também desenvolver nos estudantes competências socioemocionais sob o argumento da oferta de educação integral. Esta investigação intenta analisar criticamente o ensino das competências, mormente as competências socioemocionais, por compreendermos ser necessário discutir o papel de tais competências no processo de formação dos estudantes, no contexto da sociedade de mercado. Para o desvelamento desse fenômeno, apoiaremos nosso estudo no materialismo histórico-dialético, por entendermos que esse método contribui para a realidade a partir da totalidade social, levando em consideração o movimento dialético marcado por contradições, mediações e múltiplas determinações. As análises permitem concluir que o ensino baseado em competências prioriza uma formação humana para responder as demandas do modo de produção capitalista; as competências socioemocionais têm como finalidade capturar a subjetividade dos estudantes no intuito de desenvolver um sentimento de conformação e adaptação ao modo de produção capitalista.