O presente trabalho tem por objetivo problematizar a composição da docência a partir da Filosofia da Diferença de Gilles Deleuze. Muito se discute sobre a formação de professores, abordando principalmente questões didática e metodológicas que visam apresentar “soluções” para questões relacionada ao ensino e à aprendizagem. No entanto, nosso olhar aqui será direcionado ao entendimento da composição da docência como movimento, um processo de transformações contínua – Devir, invenção de si e de aprendizagem permanente que está para além do modelo instituído no território acadêmico formal. Nossa intenção não é criticar a formação inicial e continuada dos professores, mas sim discorrer sobre uma constituição da docência que ocorre no próprio contexto escolar, por intermédio das experimentações e dos encontros que suscitam modos de afetações e construção de sentido. Essa perspectiva é pautada no conceito de Devir, uma das ideias chaves na Filosofia da Diferença, que pode ser concebido como um processo constante de transformação e diferenciação através do movimento do afetar e ser afetado em determinado espaçotempo. Trata-se de tornar-se outro enquanto esse outro se movimenta e sente. Desse modo, o Devir-Mestre poderia ser pensado como uma variação contínua que decorre do encontro entre professor e alunos e dos fluxos de acontecimentos no interior da sala de aula, ou seja, uma docência esculpida com singularidade no âmago das relações e agenciamentos que perpassam a sua prática e que por diversas vezes se tornam invisíveis e/ou imperceptíveis para quem observa de fora essa realidade.