Este estudo enfoca o tema formação docente, mais especificamente as contradições presentes em dois documentos oficiais brasileiros: a Resolução n. 02 (2015) e a BNC-Formação (2019), no intuito de identificar sua orientação filosófico-epistemológica, da qual derivam proposições teórico-metodológicas voltadas ao trabalho educativo. Para tanto, fundamenta-se na teoria materialista histórico e dialética (MARX, 2019), a partir da qual busca a essência do objeto de estudo em um movimento de superação de sua aparência fenomênica, próprio do método histórico-dialético que, orientado à totalidade em causa, ocupa-se com as mediações e contradições inerentes à realidade, neste caso especificamente, educacional. Do processo analítico, verifica-se uma ancoragem de base conservadora em ambos os documentos, alinhada aos ditames (neo)liberais, vinculada, portanto, aos interesses de desenvolvimento e consolidação de uma educação mais unilateral que efetivamente crítica, a qual acaba por produzir sobretudo retrocessos no campo da educação linguística, na medida em que, afora uma suposta manutenção do trabalho com gênero e, por implicação, da lógica de trabalho de então, coloca tal pressuposto a serviço da lógica liberal na forma de capacidades para ler e produzir textos orais e escritos demandados na cotidianidade, secundarizando as produções humanas mais complexas.