Há na Paraíba uma escola desenhada por todos, movida por sonhos, que não se organiza por séries, nem por ciclos, tampouco por anos, mas por núcleos de desenvolvimento de aprendizagens, habilidade e valores. Trata-se da Escola Nossa Senhora do Carmo, Bananeiras (PB), instituição de Ensino Fundamental, da alfabetização ao nono ano, que atende 14 comunidades rurais, incluindo algumas crianças e adolescentes da cidade. Lugar onde toda criança tem a liberdade de estudar o que deseja. Elas dizem das suas curiosidades e interesses, dos quais surgem os roteiros de aprendizagens, organizados em projetos interdisciplinares e transdisciplinares de estudos. Uma escola que não é pública, nem privada, é a dos sonhos, comunitária, idealizada e conduzida por educadores, educandos e pais, numa relação amorosa e familiar. Este estudo remonta essa história e fala do percurso didático nela vivido, fruto de uma pesquisa etnometodológica. Escola inspirada na Escola da Ponte, em Portugal, por José Pacheco; nas experiências de Anton Makarenko, na Rússia; em Célestin Freinet, França; em Summer Hill, na Inglaterra, com Alexander Neill; em Maria Montessori, Itália; e em Paulo Freire, no Brasil. Os resultados indicam que é possível se aprender em currículos integrados, com crianças que se conscientizam do que precisam estudar, com avaliações e planejamentos diários, de modo solidário e com liberdade. Uma escola que não precisa aplicar provas, porque as aprendizagens já se fazem presentes em apreciações diárias, feitas com o tutor pelo aluno escolhido.