Este artigo visa abordar o caráter que o dispositivo pedagógico assume no governamento produtivo da infância através da discussão da Teoria do Capital humano. Para tanto, a discussão é motivada pelo viés das reformas neoliberais que atingiram a educação nos últimos tempos. As demarcações sobre infância tem um enfoque de resgaste da sua invenção histórica e os estudos acerca da infância revelam que de acordo com as relações sociais, econômicas, políticas e culturais, a educação das crianças envolvem problematizações e expectativas específicas. Educar na contemporaneidade neoliberal envolve um governamento produtivo. Nesse sentido, propõe-se a partir das ferramentas oferecidas pelo campo teórico de fundamentação foucaultiana, discutir como se constitui o governo da infância em sua condução produtiva a partir da escola. O conceito de governo remete-se para o que Foucault (2008a, 2008b, 2012) vai definir como governamentalidade, um sistema de racionalização da vida pelo Estado, capaz de produzir subjetividades, disciplinando a conduta dos sujeitos. O ponto de partida para contextualizar o advento crescente da teoria do capital humano em tempos de neoliberalismo, diz respeito ao modelo flexível de produção e acumulação. De forma mais intensa, a cada dia é pregado de forma sutil pela mídia, pelos currículos, através dos discursos, que precisamos nos tornar potenciais consumidores, empreendedores e competidores, devendo o Estado se posicionar de forma que não interfira na expansão dos mercados. No processo de governamentalização neoliberal, a vida tornou-se instrumento de poder. Esse poder agindo na vida dos sujeitos como forma de capital humano, busca a todo tempo potencializar seus esforços numa incansável luta para atender ao mercado, operando na constituição de sujeitos produtivos desde a infância.