O presente relato tem como objetivo apresentar as experiências vivenciadas por graduandas de pedagogia, bolsistas do Programa de Iniciação à Docência – PIBID, da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM, no Projeto de extensão Alfaletria: alfabetizar com alegria. O Projeto Alfaletria atende crianças de escolas municipais contempladas pelo PIBID. Foi criado em 2022, logo após o período pandêmico e retorno presencial das aulas. Em um contexto em que as dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita ficaram mais evidentes e foram agravadas por estes dois anos os quais enfrentamos uma crise sanitária. Tem como foco principal estimular crianças do 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental nos processos de alfabetização. A base teórico que sustenta todas as ações metodológicas do projeto refere-se a obra Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e escrever, da pesquisadora Magda Soares (2020). Obra de referência e estudo para todas as graduandas bolsistas do projeto. O projeto é organizado a partir do diagnóstico de hipótese de escrita das crianças, pautado pela teoria psicogênese da língua escrita de Emília Ferrero (1986). A partir desse diagnóstico são organizados as trilhas de aprendizagem: pré-silábicos; silábicos; silábicos-alfabéticos e alfabéticos. Para cada trilha são desenvolvidas atividades de consciência fonológica e conhecimento das letras adequadas e específicas a cada fase, com intencionalidades pedagógicas que visam o desenvolvimento e avanço das crianças pelas trilhas. Reforça-se, em todo encontro, o qual ocorre aos sábados pela manhã, atividades de leitura, produção de texto e análise linguística. As atividades desenvolvidas pelo projeto buscam ser lúdicas e tendo como ponto de partida os diversos gêneros textuais, principalmente os da esfera literária, como contos, fábulas, poemas e parlendas. Estimula-se também a produção de texto como bilhetes, cartas e textos narrativos visando a aprendizagem por meio de sequência didática e finalizando com o processo de revisão textual. O Projeto tem sido uma experiência rica de aprendizados para as crianças e principalmente para todos os envolvidos. Para explicitar tais experiências foi realizado aplicação de um questionário aberto as graduandas bolsistas que colaboram com o andamento do projeto. Resultados e Discussão Participaram da aplicação do questionário, seis bolsistas graduandas do curso de Pedagogia, uma graduanda do curso de Psicologia que atua como voluntária desenvolvendo oficina das emoções, todas acadêmicas da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM, e uma professora da Escola Municipal Dona Cotinha, como professora supervisora. O questionário aberto contemplou as seguintes perguntas: 1. Qual a importância do projeto para sua formação inicial? 2. Cite, pelo menos 3 aspectos que são positivos no projeto e, pelo menos 3, que precisam ser melhorados. 3. Você acredita que ensinar a ler e escrever por trilhas de aprendizagem seja um ponto positivo. Por que? 4. Dê sua avaliação do projeto de 1 a 5. Sendo 1 pouco satisfatório e 5 muito satisfatório. Justifique sua nota. De acordo com a primeira pergunta obtivemos 4 respostas das acadêmicas e a resposta da professora supervisora: Possibilita aprender a ensinar na prática Conhecimentos, e a ajuda que é muito importante na minha formação, a bolsa E muito importante, e é um momento privilegiado para nós futuras professoras, esse projeto contribui fortemente para ampliar os nossos saberes e conhecimentos necessários ao exercício da profissão. Aprimorar minha criatividade em elaboração de atividades e visibilidade de como é o trabalho do professor com seus alunos Fico muito grata em fazer parte desse projeto. Importante para a formação inicial pois possibilita a prática em sala com alunos de vários níveis de aprendizado. O Projeto Alfaletria tem uma grande importância em minha formação, através dele tenho a oportunidade de atuar como professora, aprender maneiras atraentes e divertidas de alfabetizar, assim contribuindo de forma promissória para o meu futuro. Observa-se pelas respostas o quão o projeto é importante na formação inicial das futuras professoras. São momentos de aprendizados mútuos, principalmente dos aspectos de alfabetização defendidos por Soares (2020, p.12), que afirma que toda criança pode aprender a ler e escrever. Mas, não só apresenta tal afirmação e sim mostra o como deve-se fazer, a partir das práticas das professoras do Município de Lagoa Santa/MG. A autora diz que,“colocar o foco na aprendizagem, para a partir dela definir o ensino, conhecer e acompanhar o desenvolvimento linguístico e cognitivo das crianças de 4 aos 8 anos, com atenção permanente ao que elas já sabem e ao que já são capazes de aprender.” (2020, p. 13) Assim, a mudança de foco é fundamental, e ter como base inicial o conhecimento sobre as hipóteses de escrita, ou seja, o que as crianças já sabem sobre os conhecimentos linguísticos auxilia no desenvolvimento da aprendizagem. Em relação a pergunta de número 2, Cite, pelo menos 3 aspectos que são positivos no projeto e, pelo menos 3, que precisam ser melhorados. As respostas obtidas foram: Positivos: aprender a ter domínio de turma. 2. Aprender a relacionar-se com crianças. 3. Preparar as aulas. Pontos de melhoria: 1. estudar mais. 2. Mais tempo para planejar. 3. Ter um plano mais específico para cada trilha Bolsa, conhecimentos, oportunidades. Horário, dia e salário Positivos: as crianças amam,é um grande aprendizado e oportunidade para nos estudantes de pedagogia,é um projeto lindo. negativos: as horas passam rápido demais quando estamos no projeto Positivo: Atenção com às crianças, a forma de ensinar, inovação de brincadeiras Oportunidade tanto para os alunos de melhorar seu aprendizado e interação. Para as professoras crescimento profissional e práticas de ensino. Sinto os alunos mais dispersos quando a sala fica como última atividade, acredito ser importante a primeira e depois os momentos dinâmicos de interações. Positivo 1- Projeto qualificado e organizado 2- Projeto social, onde os alunos não pagam para poder participar, isso é incrível, pois o Projeto é muito bom. 3- Alegre e divertido, dinâmico. Negativo 1- Pelo fato de ser poucas horas de projeto, acaba que não conseguimos fazer tudo que é proposto. 2- A falta dedicação e interesse de determinadas pessoas, deveria ser um ponto mais observado. 3- No momento do lanche todas professoras devem participar e serem ativas. Em relação a uma breve avaliação do projeto por meio dos pontos positivos é comum nas respostas as oportunidades de aprendizagem para quem ensina e quem aprende, o uso de metodologias de ensino, apoio no desenvolvimento da profissão docente; há também pontos de melhorias, e as questões pontuadas são pertinentes e devem ser discutidas para avançarmos a cada momento. A questão 3, Você acredita que ensinar a ler e escrever por trilhas de aprendizagem seja um ponto positivo. Por que? Sim. Assim, o professor poderá focar mais em ações pontuais Muito positivo acredito sempre pois a base de tudo na vida depende da leitura e escrita Sim, porque permite um contato com novas informações, experiências, culturas e realidades. Sim, hoje ler e escrever se dá como base qualquer atividade que for fazer, saber se faz primordial Sim. Pois facilita tanto para os profissionais como para os alunos não se sentirem excluídos e terem maior interação com o grupo. Sim, assim é gerado autonomia aos alunos, porque através deste modelo, o indivíduo fica responsável por todo processo de ensino-aprendizagem. A questão 3, traz na prática uma metodologia de organizar o processo de ensino e aprendizagem a partir do que a criança já sabe; assim, como afirmam as bolsistas, fica mais fácil tanto para o professor quanto para as crianças serem estimuladas de forma mais pontual. Essa forma de organizar o projeto por trilhas de aprendizagem tem sido uma experiência inovadora para ajudar as crianças a avançarem em seus processos de ensino e aprendizagem da leitura e escrita. E, de forma unânime, as bolsistas afirmam que o projeto atende as expectativas de futuras professoras, como um momento oportuno de ministrar aulas, saber lidar com a gestão de grupos de crianças, momento de aprender na prática como alfabetizar, como ensinar a ler e escrever. O PIBID como um programa do governo é de fundamental importância para os graduandos em formação inicial, pois permite vivenciar teoria e prática de forma simultânea, e não deixando de mencionar o incentivo financeiro, que de fato auxilia e mantém projetos e ações em escolas efetivas. Considerações Finais O relato apresentado nos mostra experiências vivenciadas pelas bolsistas do PIBID do curso de Pedagogia da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM imersas em um projeto de extensão que articula o trabalho com escolas municipais do município de Pará de Minas visando auxiliar no desenvolvimento de aprendizagem da leitura e escrita. As experiências oportunizadas de fato efetivam as ações docentes em todos os aspectos didáticos. Outro ponto é no ganho de aprendizado conceitual e sua relação com a prática durante um processo de ensino e aprendizagem. As bolsistas pibidianas diferenciam-se no mercado profissional enquanto docentes, pois por alguns anos puderam realizar sua formação acadêmica e profissional de forma simultânea o que garante maior segurança nos profissionais recém-formados. Dessa forma, o PIBID é um programa de formação de professores fundamental para a qualidade de docentes formados em nosso país. Palavras-chave: PIBID; Formação inicial de professores, Alfabetização, leitura, escrita. REFERÊNCIAS SOARES, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2020. 352 p.